19 de setembro de 2013

Crer mas também padecer



Dentre os apóstolos, nenhum outro fora mais expressivo que o apostolo Paulo
ao falar, tomado de tamanha propriedade, baseado na experiência quanto ao conteúdo encontrado nessas palavras:

“Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer Nele, como também padecer por Ele” (Filipenses 1:29).

Assim, o apostolo dos gentios, como era tratado Paulo, não somente recomendou crer e padecer por Cristo, mas fora o que mais sentiu (consentiu) no próprio corpo, a veracidade do que recomendava aos Filipenses.

Como seres humanos e cristãos que somos, externamos sentimentos, atributos bons e ruins, habilidades intelectuais, físicas e entre tantos outros aspectos. Porém quando estamos expostos a probabilidades que pelo nome de Cristo trarão sofrimentos, tão logo verbalizamos murmurações, franzimos o cenho, ficamos mal humorados e diante da intensidade de sofrimento ocorrido, temos a tendência de agir como Jó que até mesmo praguejou o dia do seu nascimento.

Se já meras probabilidades já nos assustam e o medo as vezes nos paralisa o que dizer então quando de fato ocorrer o mesmo que sucedeu com o apostolo Paulo:

(...) “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um (Valendo que o chicote tinha 3 cordão de couro, equivale há 195 x 3= 585 chibatadas). Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (...) (2ª Co 11:25-28).

Tanto sofrimento no corpo e na mente em razão de anunciar as boas novas em Cristo fizera do apostolo Paulo uma pessoa singular no exercício de seu ministério e em seu relacionamento crescente em Cristo Jesus. É no mínimo lamentável que muitos de nós acordamos pela manhã e o único sofrimento é deparar com um copo de leite ausente do cereal Sucrilhos ou do achocolatado toddy.
Talvez a nossa mais profunda manifestação agônica de dor seja o fato de haver jiló no arroz ou feijão preto ao invés do jalo. Uma goteira no teto, um amor não correspondido, um ganho financeiro não expressivo e tantas mais "adversidades" que nos “maltratam” causando descontentamentos mesquinhos e irracionais, mas que transformamo-los em sentidos de desespero e dor.

Veja o quão bom foi Deus para conosco que nos coloca como merecedores de não somente crer como também padecer pelo Seu Filho unigênito.

Trago a lembrança de ter sido escorraçado numa casa de um feirante ao pedi-lo mantimento para ser doado a pessoas carentes. A Frustração mesclada à indignação e a raiva jorrava fúria de meus olhos direcionados para uma pessoa em melhor condição, mas que não atenderá propositalmente naquele momento um apelo para os que nada têm. 
Ao passo dessa lembrança, vejo o quanto sou estupido e preconceituoso quando não estendo a minha mão e dirijo-a munida de alguns trocados para o desprezado sujeito mendigo moribundo que me pede a possibilidade de comer algo. Também já tive o privilégio de dar banho em um rapaz (Filho adotivo de cristãos) que tinha problemas mentais e quando me abaixei para lhe tirar os sapatos... MISERICÓRDIA... Um chulé desgraçado que me abateu ao ponto de provocar náuseas e em razão disto, tive de deixa-lo debaixo do chuveiro e adentrar  forçosamente no banheiro, prendendo a minha respiração, para logo concluir aqueles poucos minutos que considerei uma eternidade de sofrimento ao passo de dá-lo um simples banho.

Estamos acomodados e muito bem protegidos em nossa bolha de conforto. Vivemos em uma Nação onde professar publicamente que somos cristão nada e absolutamente nada acontece de trágico, de privação, de perseguição, de tortura ou risco de morte. Passamos nosso melhor perfume e desfilamos vestidos de roupas limpas e bem engomadas nos dias de reunião da igreja. 
Bebemos e comemos na certeza de repeti-los e o frio não nos faz bater os dentes. Injetamos somas de dinheiro em nosso prazer e benefício próprios. Acordamos pela manhã e o sol pode ser visto, mas logo por nós mesmos amaldiçoado pelo fato de que gostaríamos de uma manhã de frio pra poder comer um fondue de chocolate. 

Dar honra a um mendigo, a um bêbado ou para outros “marginalizados” na reunião de culto e oferece-los os melhores acentos ou atenção devida poderá manchar a reputação denominacional ou impregnar de mau cheiro  o belo terno vestido e orgulhosamente ostentado.  Não caberão aqui os desmazelos e afrontas ao nosso próximo que de forma sistemática, consciente ou inconscientemente praticamos no dia a dia, legitimando assim as palavras do Mestre: 
“Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes”( Mt 25:42-43).

Em um País como o Brasil, qual esta longe de qualquer perigo por um indivíduo ser cristão, o crer e padecer por Cristo é no mínimo trazer para a nossa vida o suprir das necessidades sejam físicas, psicológicas, materiais ou espirituais do meu semelhante. É tirar do meu tesouro para que outros sejam enriquecidos na dignidade, na moral, no abrigo.
 É privar-me de momentos para que outros sejam supridos de momento. É despertar nossa sensibilidade para que tantos outros sejam sensibilizados pelo nosso amor e testemunho de vida cristão e assim possam querer experimentar deste Cristo-Salvador que anunciamos.

Analisemos profundamente se, se de fato podemos nos orgulhar em nossa “fraqueza” e de salto testificar em nossa consciência o que o apostolo Paulo, cônscio da sua própria consciência em Cristo Jesus, ousou simplesmente refutar aqueles que o julgavam e o desmerecia como apostolo de Cristo ao passo de dize-los:

"Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus" (Gálatas 6:17).


R.Matos.

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